Psicóloga Márcia Tosin comenta sobre processo de independência de crianças e adolescentes

Segundo a especialista mesmo diante da independência, geração de jovens mantém importantes e imprescindíveis laços com os pais

Ao contrário de décadas passadas, quando crianças e adolescentes não tinham tanta autonomia e apresentavam mais necessidade de cuidados e direcionamentos dos pais, hoje conseguimos perceber que esse público vem se diferenciando e se mostrando cada vez mais independente e protagonista de suas escolhas, conseguindo agir de forma resiliente e saudável diante dos desafios da vida..

Para a psicóloga Márcia Tosin, desde muito cedo os pais esperam que seus filhos se adaptem na escola, durmam sozinhos ou se alimentem sem ajuda. A principal questão é que na fase da infância e adolescência está se desenvolvendo ainda o senso de pertencimento e segurança relacional desse grupo.

“É muito mais importante saber que as crianças podem contar com os pais do que o sentimento de autonomia. É possível perceber que a criança tem naturalmente a vontade de fazer as coisas sozinhas. Existe uma analogia que os pais são como ‘capas protetoras’ que permanecem por toda a vida. Assim, mesmo quando os pais não estiverem presentes, a capa protetora está ali protegendo e fazendo efeito sob a sua vida.  Pode parecer contra intuitivo, mas a melhor maneira de dar independência é proteger e deixar que a criança dê os seus passos independentes quando sentir que é a hora”, explica a especialista.

 De acordo com a psicóloga, a independência na adolescência é o maior desafio para os pais, pois nessa fase acontecem mudanças que ocorrem no cérebro, com destaque para o afastamento do núcleo familiar e a automática relevância do grupo de pares.

“É importante manter um grupo de normativas claras para todos os membros do núcleo familiar. Um grande erro é pensar que o filho não deve ser amigo dos pais. É uma coisa que vemos com frequência nos consultórios psicológicos, as melhores descrições de relações parentais são aquelas que o adolescente vê seus pais e mães como amigos e amigas”, descreve. “A amizade, o respeito, a previsibilidade e o uso de rotinas comuns a todos os familiares conduzem a independência na adolescência”, finaliza Márcia Tosin.